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Tomei um porre na esquina
Daquele que entroncha o sujeito
Senti o ar rarefeito
Formigamento na mão
Fiz uns versos, umas rimas
Esvaziei o segredo
Trancafiado no peito
Cuspido em papel de pão
Empolgado, dei vexame
Subi no banco da praça
Declamei com água nos olhos
Pra quem só fazia achar graça
Aqueles versos na mão
O papel todo amassado
Ali desvendava o mistério
Eu, homem sério
Trôpego de paixão
Quem não conhece essa flor
Desdenha de minha dor
Oferece remédio
Mulher cheirosa, fogosa
Que geme o nome da gente
Mas minha paixão renitente
Prefere ranger o dente
Cuspir em papel de pão
Quem sabe um dia ela ouça
Meus versos, minha prece
Sorrindo, logo se apresse
Cuspa em papel de pão
Um bilhete mais que sentido
Dizendo que de ouvido
Soube de minha paixão
E aceita casar comigo
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