Nasci com hábitos
de coruja.
Minha garatuja
continha estrelas.
Sozinha,
ergui um templo.
A exemplo do sol,
persegui o equinócio.
Entre o fogo e a água,
sempre fui a brisa.
Pelo poder da palavra,
escolhi-me poetisa.
Não seria
a poesia
um sacerdócio?
Renata de Aragão Lopes
Imagem: arcano A Sacerdotisa, de O Tarô Encantado,
de Amy Zerner e Monte Farber, Editora Siciliano.
* Rotina *
Postado por
Úrsula Avner
on domingo, 7 de fevereiro de 2010

velha caquética
não sabe que já caducou
alma esquelética
no tempo estancou
arrasta seu chale puido
sapatos roidos
corpo moido
nas mãos rugosas
cheiro de mofo
nos olhos fracos
réstia de um brilho fosco
catarata
Úrsula Avner
* imagem disponível no google- sem informação de autoria
obs: o objetivo aqui, longe de enaltecer qualquer preconceito em relação ao envelhecimento, é usar elementos linguísticos relacionados socialmente á velhice, que apontam a rotina como algo sem vigor ou prazer, como em alguns casos de envelhecimento.