Postagem Simplesmente Poesia (12)


“pelo sim, pelo não”

poesia-balão!...



partilha


Se vão os brincos...

vão comigo

não contradigo jogos de sentido

choro, rio, trinco!...


by hercília fernandes


insípido


tem gente que ama na retranca

não se entrega não tem febre

não tem sudorese

não beija não chora

não sonha não sangra

não faz planos


tem gente que nem é gente

é prosopopéia


by líria porto


chama


Se

não me engano

todo dano

tem o seu preço


nem

tudo o que parece

é mero

adereço


nada

vai e vem

à toa

ou em vão


por isso

abra o olho

enquanto é tempo

pelo sim


pelo não


by múcio l. góes


Amanda Cass e a série “Coração-balão”



Amanda Cass nasceu em Auckland, Nova Zelândia, porém reside em Marlborough. É uma artista bastante criativa que se dedica à pintura em acrílico, arte digital e fotografia.

As artes que compõem esta postagem integram a série “coração-balão”. Na série, a artista se inspira no amor, na liberdade dos sentimentos e ações, na própria vida.

A personagem que acompanha as pinturas é uma menina que vê o amor em todos os lugares por onde anda. Sua alma é lúdica, poética, livre... como os pássaros que a seguem e os balões que flutuam em seus sonhos.



Estraga prazer

(notas de explicação que ninguém pediu...)


Existem poemas que não são poemas: são “brincos”. Mais parecem jogos de construção, pois o poeta brinca com as palavras, os sons, os sentidos... Explora possibilidades sígnicas, acentuando o movimento dos versos, das batidas rítmicas. Tudo isso serve para conferir maior ludicidade ao poema, tornando-o jogo estilístico-semântico prazeroso de se ler, ouvir, brincar, descobrir.

Uma das figuras de construção sintática que mais atribui movimento e ludicidade aos versos é a “aliteração”. A aliteração, segundo Sarmento (2005), consiste na “repetição” de um mesmo fonema para realçar determinado som ou conferir maior ritmo à oração. Ela pode ocorrer a partir da repetição de sílabas tônicas, como nesses versos de Manuel Bandeira: “Sino de Belém, pelos que inda vêm! / Sino de Belém bate bem-bem-bem-bem” (apud SARMENTO, 2005, p. 582); como também por meio de “encontros consonantais”.

No último caso, a aliteração, além de promover maior movimento aos versos, estimulando a dicção, também dificulta a pronúncia de algumas palavras, sendo uma figura sonora bastante utilizada em trava-línguas.

Nos textos poéticos acima, as aliterações se expandem a partir de fonemas consonantais. Em os poemas Partilha, Insípido e Chama se destacam aliterações através das combinações com a consoante “r”, que incentivam a dicção e produzem um efeito humorístico, contribuindo para acentuar o sentido lúdico dos conteúdos de significação. Mas há, ainda, a aparição de outras espécies de aliteração nos textos expostos, como as construções fonéticas combinadas às consoantes "n" e "m".



Sugestão de leitura


Poesia para crianças?... O lúdico na blogosfera


Referência


SAMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. 2. ed. rev.. São Paulo: Moderna, 2005.



* Para visitar os blogs dos poetas clique nos "títulos" dos poemas.

**Artigo escrito por Hercília Fernandes.


À noite


Há coisas que a noite tece-
o breu
as estrelas
o som do silêncio.

Há coisas que só à noite apetecem-
o vestido preto
o amor a meia luz
o trompete.

Depois da meia noite
nem todo príncipe desaparece.
É nesse que a noite repousa e desperta.
Há noites que enlouquecem.

Não há quem resista o sonho acordado.
( a culpa de toda paixão é, portanto, da noite)

Musa

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Matisse and model, by Brassai




Faça-me atemporal!
habilmente, pinta-me musa
insana, orgástica, passional:
óleo [em ebulição] sobre tela.

Assim, o tempo será inócuo aos olhares
apesar da carne apodrecida.


Lou Vilela in Nudez Poética
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