Dias das mães (dos filhos)



Filho,

de todos, você é
meu melhor poema.

O único pronto, acabado,
de que não tiraria um ponto sentado,
uma exclamação em salto ou mesmo um trema.

Você é a poesia de que fiz a caligrafia em papel de seda...

A única que diz o que há bem lá no ventre de mim
e que carrega, assim, em voz entonada,
minha maior interrogação:

_ A vida seria em vão?
Pelo não, obrigada,

filho!



Renata de Aragão Lopes


Soneto blavino publicado no Doce de Lira,
em homenagem ao dia das mães,
em 7 de maio de 2009.

Fotografia minha.

* visão de mundo *



arte flying to the liberty

by: Mel Gama


eis que piso estranho chão

terra, pedra, cimento
caminho de ermitão

nas estradas sigo atenta
conduzo risos e ais
até que o anjo toque a trombeta

o ser humano nasceu pois digo
para estar só

a solidão é um estar consigo
até que se condense o pó

conviver é apenas subterfúgio

na solidão o ser percebe-se inteiro
conhece a si mesmo e se escuta
percorre sombras atrás do luzeiro

a multidão é campo de refúgio

quando por fim
jogarem ao mar
sobras da vida enclausurada
na urna do que fui

aglutinarei a outros segredos
do que se entendia amar
partículas flutuantes na enseada
fragmentos da perene vida que flui



Úrsula Avner