Iemanjá

não me fale de ontem,
porque sou de agora

não me peça demora,
porque tenho pressa

não me cobre promessa,
pois admito engano

não me venha humano:
vivo prenha de mar


Renata de Aragão Lopes


Imagem extraída da internet.


* Desprendimento *

uma a uma
caem as flores ao chão
olhos coloridos
bem abertos
enxergam agora
de um novo lugar
ampliada visão
vento brinca ao redor

as flores
apenas observam


senil é o sonho
que se esconde
atrás das montanhas
cavalga incólume
no dorso do tempo
sem a dor do chicote
sem marcas de esporas

as flores
apenas observam


Úrsula Avner