Às vezes
não sei por que motivo
afogo o olhar
em trágicos silêncios.
Para encontrar a luz
me bastava enfrentar
a noite, porque possuo
nos olhos o apelo
errante das sombras.
Pequenas traições
tatuadas na pele
são apenas pretextos
para disfarçar os medos.
Um remorso
germinando na lembrança
devolve-me o temor
de múltiplas solidões.
by Graça Pires
Doce pecado*
um doce pecado
um favo de mel
uma estrela que caiu do céu
- do céu
uma rosa que desabrochou
um beija-flor que a beijou
um nome para eu chamar de amor
- de amor
o meu amor
não é meu namorado
não é um caso é um mar agitado
onde ondas vem e vão
onde as pedras tristes sangram de solidão
Minha Querida,
Vim até ao Mar. Brevemente, mas vim. Até si!
Não disse uma única palavra. Apenas a senti em silêncio.
E beijei-a, terna e apaixonadamente, aconchegado na lembrança.
O meu peito rebenta em emoção. Anseia pela sua voz, por essa sua suave expressão, que me estremece completamente.
Transbordo em sentir por saber o que pulsa incontrolável dentro de mim. Tenho tanto medo de a perder! Por isso, agarro-me à esperança.
É assim que de novo vejo o Mar. No mesmo lugar de ontem.
Hoje, as águas estão amenas e a luz é outra.
O instante da origem ocorreu e fui recriado. Foi um tsunami que me varreu!
Não foram apenas as águas que me preencheram. A sua voz abalou-me.
Há uma menina do Mar em si. Que voz doce e meiga! Nunca tinha ouvido uma sereia!
Ainda estou envolvido nas palavras incorporadas em silêncio.
Tudo ou nada? Respondi tudo. Recebi, nada.
Como desejava essa resposta!
Só se alcança o todo se este for formado pelo tudo e pelo nada.
Sabe, o amor tem que ser intenso e permanentemente rasgado por instantes de paixão!
E por si, sou arrebatado sem resistência. Em coerência com o sentir, pois não sei ser de outra maneira.
Se não me quiser, serei lágrimas desgarradas. E todas elas a amarão.
Mas continuarei a ser! Mesmo em cristalinos, que entregarei ao correr dos tempos como flores de luz azul que nos guiarão ao reencontro eterno.
Que inevitavelmente acontecerá!
Sei-o porque sou Multiverso. Dele criador e nele autor do tempo.
Mas acima de tudo, aqui, neste instante gerador de futuro, sou esperança.
E amor. Em azul!
Novos mares nascem, mas nós permaneceremos e criaremos em Luz.
Não pense. Sinta-o!
Um beijo terno, doce alma
*Canção composta em parceria com Marcus Vinícius há longínquas águas...
**Fotos disponíveis no Google Imagens.