Embrulhado em papel de pão

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Tomei um porre na esquina
Daquele que entroncha o sujeito
Senti o ar rarefeito
Formigamento na mão
Fiz uns versos, umas rimas
Esvaziei o segredo
Trancafiado no peito
Cuspido em papel de pão

Empolgado, dei vexame
Subi no banco da praça
Declamei com água nos olhos
Pra quem só fazia achar graça
Aqueles versos na mão
O papel todo amassado
Ali desvendava o mistério
Eu, homem sério
Trôpego de paixão

Quem não conhece essa flor
Desdenha de minha dor
Oferece remédio
Mulher cheirosa, fogosa
Que geme o nome da gente
Mas minha paixão renitente
Prefere ranger o dente
Cuspir em papel de pão

Quem sabe um dia ela ouça
Meus versos, minha prece
Sorrindo, logo se apresse
Cuspa em papel de pão
Um bilhete mais que sentido
Dizendo que de ouvido
Soube de minha paixão
E aceita casar comigo

Lou Vilela in Nudez Poética
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5 comentários:

Anônimo disse...

Gosto muito desses seus poemas narrativos, estilo cordel.

Beijo, Lou.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Lindo Lou, lindo!

Hercília Fernandes disse...

Também apreciei bastante, Lou.
Bela narrativa em versos, minha cara!
Beijos,
H.F.

Lou Vilela disse...

Obrigada, meninas!

Cheiro

Graça Pires disse...

Para o bem e para o mal fomos nós...
Um beijo.