imagem : Diego Rodrigues da Silva
arroz munguzá
caldo de fubá
carne assada e feijão
comida fumega no fogão
Dona Maria
cheira a alho
cebola e açafrão
macarrão incha
na panela
pede uma pitada
de manjericão
Dona Maria
pega a tijela
transpira tosse
torce e retorce
o pano de prato
sabe quando o bolo
está no ponto exato
cozinha Dona Maria
Dona Maria cozinha
******//******
Mulher
na máquina de costura
cosia
quando á beira do fogão
cozia não
dormia
Úrsula Avner
10 comentários:
Queridas Marias e visitantes,
Estou postando hoje porque amanhã não terei tempo para acessar a internet. Espero que apreciem o poema. Um abraço afetuoso a todos e obrigada pelo carinho.
Úrsula
Apreciei muito, Úrsula, a forma tão poética que vc escreveu sobre essa rotina de tantas Marias.
Beijos.
Úrsula!
Você fez da rotina-sina de tantas Marias, um poema que dá prazer de ler.
É árdua essa tarefa diária, que só aparece quando não se faz.
Parabéns, querida!
Beijos
Mirze
Vigésimo Primeiro Cálice
Aqueles que não amam, sequer
Não são protegidos de Arina
Confundindo, portanto, A mulher
Com qualquer coisa, qualquer menina!
*
Três vezes sete foram as loucuras
Até ver as coisas como enfim são,
Que tudo há no mundo se o procuras
Na redonda vitória, sem teias de ilusão...
Bebida a última gota só formas puras
Ficam a dançar nos romances do pão
Bordados com as flores tecidas, seguras
No entretecido feminino da perfeição.
Estrelas, cometas, verdejantes prados
Claustros frescos, nichos triangulares
Onde os dizeres se tornam outros arados
De arrotear as tardes serenas, singulares
Em que os enredos maiores são calados
Como beijos recatados, cruzados a pares.
**
Sete pra ti, sete pra mim, e outros tantos
Pròs que nascerem agora deste momento,
Que vida fora se iniciarão leis e santos
Da beleza cativos, seu único tormento
Tomado gota a gota, cálice a cálice
Virando páginas por rumo na rota
Do interpretar, tecendo análise.
Trago a trago apreciado mandamento
Em que as frases se intitulam frota
E os parágrafos esquadrão de alento
Se batalha trava quem por si se afoita:
Que nosso é o firmamento dos mantos
Se em asas delta se tocam plo vértice
A siar rasgando medos e desencantos.
***
Duas vontades unidas por um só fim
Entretecida verdade nas duas metades
Que sendo tua a metade das liberdades
A outra em liberdade me cabe, a mim...
Se entretanto para esse tanto, assim
A que tanto disseste «talvez» e «não»
Outro tanto baste agora dizer: «sim!»
Sim ao Sol que na Aliança Velha arde
Onde por força só baste o ter razão,
Que a ancestralidade nunca é tarde
Se ao conhecimento vem renovação
De cada metade, desse outro ser nascido
Gota a gota caído em clepsidra sem fim
Que há do oito deitado ao infinito ido!
Ah, Maria Úrsula! : )
Que lindas miudezas cotidianas!
Um beijo, querida!
Oi Larinha,
você como sempre presente e atenta... De algum modo também nos vemos nessas Marias do poema... Obrigada pelo carinho tão especial ;
Oi Mirze,
agradeço também sua presença sempre carinhosa e delicada. De fato a tarefa é árdua e pouco valorizada. Bj ;
J Maria,
Obrigada pela presença ;
Oi Renata,
alegra-me sua visita e comentário. Que bom que apreciou o poema ! Bj,
Úrsula
Oi Úrsula,
achei de uma beleza essa tua forma de contar um pouco dessa rotina tão comum e tão cheia de beleza de inúmeras mulheres. Adorei, bjs
Sinas de tantas Marias...
Boa "costura", Úrsula!
Beijos
Úrsula,
adorei os versos recheados de pitadas de humor a cenas aparentemente tão corriqueiras do feminino.
Adoro cozinhas, especialmente as antigas, nelas residem poéticas várias
= caldeirões de segredos, apesar das receitas...
Como disse a Lou, você faz uma boa costura. Parabéns!
Beijos com carinho,
H.F.
Oi Albuq,
agradeço sua presença sempre amável em meus espaços poéticos e aegro-me que tenha apreciado o poema. Grande abraço ;
Oi Lou e Hercília,
Obrigada pela gentileza do comentário. Alegro-me por terem gostado da "costura" . Bj,
Úrsula
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