* Rotina *


velha caquética

não sabe que já caducou


alma esquelética

no tempo estancou


arrasta seu chale puido

sapatos roidos

corpo moido


nas mãos rugosas

cheiro de mofo


nos olhos fracos

réstia de um brilho fosco


catarata



Úrsula Avner

* imagem disponível no google- sem informação de autoria
obs: o objetivo aqui, longe de enaltecer qualquer preconceito em relação ao envelhecimento, é usar elementos linguísticos relacionados socialmente á velhice, que apontam a rotina como algo sem vigor ou prazer, como em alguns casos de envelhecimento.

17 comentários:

Úrsula Avner disse...

Caras poetisas do blog e visitantes,

embora conste que a postagem foi feita no domingo, no relógio do meu computador o horário registrado era 0 h e 04 minutos, portanto, por julgar que já era segunda-feira, resolvi postar. Desta vez saí do gênero lírico. Espero que apreciem o poema. Um abraço,

Úrsula

Anônimo disse...

Bem lembrados os traços que nos aludem a um futuro quase nunca remoto.

Ainda bem que nunca é tarde para transformá-lo.

Beijos, Úrsula!

E boa semana para todas a meninas daqui!

Hercília Fernandes disse...

Belo retrato, Úrsula, dos sinais do tempo. Desta realidade ninguém escapa, o jeito é vê-la com ludismo, bom humor.

Mas, veja, também penso que as características descritas em seu poema podem ser metafóricas, já que quantas mulheres não assumem comportamentos de velhice, da morte em vida?...

Da mesma forma, quantas idosas não são eternas crianças?

Como você bem explica, embora existam comportamentos e rotinas específicas ao envelhecimento, a velhice é concebida diferentemente pelos sujeitos.

Gostei muito, Úrsula. Seu poema é lúdico, mas contém conteúdo. Aponta para algo mais.

Beijos,
H.F.

Adriana Godoy disse...

Úrsula, como um título de um poema meu, "atroz idade" que chega veloz. Interessante poema , o humor liberta um pouco a realidade. beijo.

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Amiga.

Penso que nem sempre envelhecemos com a idade, mas também quando perdemos a capacidade de sentir com o coração.

Linda semana para ti.

nina rizzi disse...

o poema é a cara da líria, úrsula. logo, é ótimo :)

beijo.

Wania disse...

Ùrsula querida

Tem Almas que envelhecem antes do corpo e corpos que envelhecem antes da Alma...mas a rotina é sempre devastadora!

Gostei demais destes novos ventos...
Bjs

Unknown disse...

Muito Bom, Úrsula!


Só não envelhece, quem morre antes.
Entre as duas opções prefiro envelhecer, mas com dignidade e respeito!

Belo tema que é a rotina que brinca conosco.

Beijos

Mirse

nydia bonetti disse...

Ai... doeu. :) Gostei muuuito, Úrsula. Gosto de poemas que nos atingem assim, em cheio.

beijo!

Úrsula Avner disse...

Oi Lara,

obrigada pelo carinho de sua presença e comentário. Bj.

Hercília,

o propósito do poema foi justamente mostrar o lado mortífero a rotina que acaba por nos envelhecer a alma e o corpo, por isso usei metáforas pertinentes ao envelhecimento.Gostei de sua apreciação. Obrigada.

Godoy,

Obrigada por sua presença e comentário. Bj.

Úrsula Avner disse...

Aluizio,

obrigada pelo seu comentário. Um abraço.

Nina,

fiquei muito alegre com seu comentário. Escrever semelhante á Líria é uma honra. Bj.

Wania, Mirse e Nydia,

Vocês três são especiais para mim. Obrigada pelo carinho tão especial de vocês. Bj no coração,

Úrsula

Renata de Aragão Lopes disse...

"alma esquelética
no tempo estancou"

Sua intenção
ficou muito clara, Úrsula!

A "velhice"
que censura
reside na estagnação.

Belo poema!

Um beijo,
doce de lira

Úrsula Avner disse...

Oi Renata,

Obrigada por sua presença e gentil comentário. Bj,

Úrsula

Talita Prates disse...

reflexão das boas, Úrsula. Feita de uma forma tão singular.

Gostei!

Um bjo, e boa semana.

Dalva Nascimento disse...

Ursula... adorável o uso da linguagem na tua poesia! E nos chama a atenção para que cuidemos de não envelhecer antes do tempo, por força da rotina!

Beijos grandes!

Úrsula Avner disse...

Oi queridas Dalva e Talita,

agradeço o carinho da visita e gentileza do comentário de cada uma de vocês. Bj,

Úrsula

Lou Vilela disse...

Bem construído e reflexivo, Úrsula!

Beijos, minha cara!