Amor de rendição



Se te sou motivo
de desagrado,
porque vivo
a te pedir
palavras
de apaixonado,
por que te manténs,
com tantos poréns,
enfim,
ao meu lado?

É assim
que amo
e bem conhecias
esses meus modos
de século antepassado:
o apego às poesias,
o apreço pelo fado,
o sossego das mãos
em repouso
no avesso do bordado.

Vazias,
mas sempre ao aguardo
de um afago
mais que querido,
tido por inesperado,
que te ponhas
a meus pés
rendido
e em minhas fronhas
enamorado...


Renata de Aragão Lopes


Poema publicado anteontem no Doce de Lira.

Imagem: A Girl Reading in a Sailing Boat,
de Alfred Chantrey Corbould, 1869.

até que a morte nos separe

imagem do filme Tarzan ( 1930), retirada da internet



maior que medo de doença
é que nesta farsa ensaiada
meu papel de improviso
( haja caco!)
não convença

um dia acordo com a macaca
dou uma banana pro mundo
vou catar coquinho
chutar o pau da barraca
recolher os cacos

e igual ao ( seu) peru
morrer de véspera

.