[S]enas...






Cena 1
Linhas de metrô
Bordo quando venho
E quando vou


Cena 2
Neve no telhado
Risco um coração na vidraça
Dentro fumega o chá de canela na taça


Cena 3
Folha que cai no rio
Bilhetinho de amor
Que ninguém viu


Wania Victoria




Foto do meu arquivo pessoal


noite na guanabara

imagem:google

mágico silêncio que perturba
essa noite na guanabara
e o o cristo de braços abertos
olha para os últimos boêmios
resquícios de uma geração

sempre à espera
da garota de ipanema
do leblon ou de copacabana

esperam sentados
tomando copos de uísque e cerveja
misturados às suas lembranças e delírios

os cigarros antes sensuais
deixam amarelados os dentes e os dedos
a fumaça esconde suas rugas
e o álcool os faz renascer

no cantinho um violão
joão ainda na vitrola
e o mar uma neblina densa

o redentor os admira
esses homens absolutos em sua dignidade
fiéis a uma história
fiéis a uma época
em que era possível sonhar
sonhar paixões sonhar um país

o cristo se inclina por um momento
levanta a mão e chora

só eles os poetas da cidade sabem
só eles os guardiães da cidade podem chorar
pelo menos esta noite
pelo menos nesta derradeira noite da guanabara

Sonhos de asas

arte: Rob Gonsalves



Velas como asas rompendo espaço,
longe do solo em que firme pisei;
É viagem longa, mas no compasso
da batida de um coração que ansiei.

Se sonho for, cumpre-se o desejo
de alcançar em velas a eterna
pressa, do encontro que almejo.


Asas-velas-barco e luz
É efêmera a chama que conduz