O canto do Azulão

Miguel Gilbert.Flickr.2007
Museu de Bilbao.Espanha


Entre almas penadas
vaguei, arrastando correntes...
O verbo, canto solene,
a pena, meu instrumento.

Ouvi lamento do cárcere,
gemidos ao bailar do vento,
o grito abafado no açoite,
o ódio rangendo nos dentes.

A mistura rubro-negra
do sangue correndo na carne
coroou a tese racista
que impôs a barbárie.

Na imensa capilaridade da ignorância
- apesar das leis outorgadas -
perpetua-se mensagens subliminares,
reforça-se a discriminação velada.


Lou Vilela