as montanhas me cobrem os olhos tão longe e a noite com suas sombras negras não me deixam ver mais tem os cabelos nascidos para o sol sua lucidez me perturba na pia espuma branca com pontos negros e cheiro de lavanda limpo tudo o sabonete no chão não posso mais compartilhar suas manhãs seu cheiro misturado ao vapor do espelho nem a pasta de dente sem tampa está tão perto mas não de mim
Hoje, 14 de março de 2010, é um dia especial para todos aqueles que se dedicam à atividade poética. Para nós, integrantes do Maria Clara: simples mente poesia, o 14 de março contém um sabor memorável, comporta duplamente poèisis: além de ser o "dia nacional da poesia", é a "data natalícia da querida poetisa Lou Vilela".
Lou Vilela, natalense de origem e residente na cidade do Recife-PE, é poetisa de grande sensibilidade imagística e habilidade semântica. Posta, regularmente, poemas e breves textos em prosa em seu espaço virtual Nudez poética,direcionado à acepção literária adulta. E desenvolve, na Blogosfera, um trabalho voltado ao leitor infanto-juvenil, especialmente às crianças, no blog Ritmos e rimas. Vejamos alguns traços de sua poesia.
Uma das qualidades da voz poética de Lou Vilela é a expansão - em versos oníricos, breves e musicais -, de temáticas profundas e ambíguas. A poeta, fazendo da “pena moinho”, anuncia/denuncia a vida das "gentes esquecidas” espalhadas à margem do tecido social. Nordestinos, mulheres, crianças são protagonistas em seus versos, oferece voz a grupos considerados “minorias”; muitas vezes expostos a múltiplas violências nas práticas sociais cotidianas.
Essas considerações podem ser apreciadas em os versos de Simbiose e Um conto sem réis. Leiamos os dois poemas:
em terra seca
de ninguém
sou nada
imprescindo d’água
e na face inundada
provo das gentes
meu sertão..., mal cabe na garganta:
as gentes, escorrem-me pelos dedos
(in: Simbiose).
***
Naquele pardieiro
ecos paredes rachadas
de risos de bocas
esfomeadas
vazamentos incontidos
profundo (a)mar
(in: Um conto sem réis).
Os poemas de Lou Vilela, além de profundidade temática, contêm intensidade lírica e apresentam belas imagens femininas associadas a contextualizações, metalinguagens, ambiguidades e sinestesias várias. Onde transbordam, em versos sugestivos e sensuais, frescores que remetem ao atordoamento e, por isso, alagam/alargam sentidos. Sensações que se podem experimentar a partir de os versos de Reflexos:
é esse teu olhar invasivo
que atordoa...
essa tua tatuagem olfativa
que embriaga...
tuas unhas que marcam,
tua saliva que cura.
são os teus trejeitos que ins.piro,
os teus trajetos que invado
entre mentes dentes dedos e falo.
enquanto transbordas
me alago.
(in: Reflexos).
No tocante à poesia infantil, a voz de Lou Vilela desenvolve temas como a dor, a perda e a morte; o cotidiano das crianças com suas brincadeiras, jogos e linguagens; a natureza e a temática animal; além de assuntos pertinentes à vida de um ser em desenvolvimento, como a alimentação.
Por meio do jogo e do ludismo, da imagística, da simplicidade na linguagem, da rima e figuras sonoras, a poetisa expande valores que se apresentam coerentes a um leitor em formação; e convida a criança a adentrar no mundo das letras, da imaginação e a construir conceitos.
Através do sentir/fazer poético, Lou Vilela propõe jogos de linguagem e desafios semânticos que contribuem para inquietar e remeter os leitores à plurissignificação textual, promovendo a construção de sentidos através do desvendar de pistas, combinações, sugestões de signos e imagens.
A sua poesia infantil oferece espaço para a livre significação, o que demonstra o respeito da autora às especificidades e à imaginação da criança; apresentando-lhes temas que, sem imposições moralísticas, portam consistência nos conteúdos de mensagem que, poeticamente, levam à reflexão das coisas existentes na natureza física e social-humana.
Leiamos mais dois poemas de Lou Vilela. Neles, a poetisa sopra belas imagens ligadas à natureza e se apresenta à criança - também ao leitor adulto - como "mensageira do vento"; anunciando a função da poesia e do poeta. E, posteriormente, convida o leitor a pensar a morte e a perda, valores que perpassam a vida humana:
Menino Deus
-
*Ninguém o viu nascer.*
*Mas todos acreditam que nasceu.*
*É um menino e é Deus.*
Miguel Torga
Recortemos das nuvens
aves brancas que rasguem ...
Balbúrdia Poética
-
*Balbúrdia Poética*
Dia 11 de outubro - 19h
La Taberna de Laura
Rua Xavier da Silveira, 34
Copacabana - Rio de Janeiro-RJ
a contribuição milionária de to...
Mariana, Brumadinho e Pompeia
-
Em meu segundo livro, Elefante, publicado em 2013, escrevi uma série de
poemas, todos girando em torno do mesmo tema: a possibilidade do homem
permanecer ...
Sonnet 43
-
Rabugens penal
Piparotes de memórias
Conúbio legal
Amor é mote
Esquecimento
Deus um norte
Não faço poemas
Pra você
Que queimas
Ao morrer
Algemas
No viv...
Um último poema para epitáfio
-
Oh Esteves
Uma andorinha pousou na minha sorte
No meio do caminho tinha um beco
Eu não conheço ninguém em Pasárgada
O trem das onze não passa em Jaçanã
Lídi...
Círculos de fada
-
Foto: Namíbia (autor desconhecido) . bocas ornamentam planícies laranja,
manifestando agradecimento pelo manto refrescante que se anuncia. mas o
tempo é pr...
Vovô em cena
-
*A Gabriel, in memoriam*
*O vovô de Iago,*
*Mateus e Aninha*
*fechou os olhinhos,*
*esqueceu a idade:*
*partiu sem adeus,*
*sem mochila...*
*na hora de f...
Jumper (2008)
-
Streaming gratuit Jumper en la meilleure vidéo formatMaintenant, vous
pouvez lire la suite Jumper en Haute qualité avec une durée 87 Min et a été
libéré l...
ítaca e áfrica
-
de ítaca roubei helenas tantas em áfrica montei os sete mares casei-me com
mulheres todas santas cobri meu corpo gasto de alamares. as vidas são mais
tanta...
GRADAÇÃO DE SOMBRAS
-
*A Hora Negra*
*( Às poetas Adriana Zapparoli, Célia Musilli*
*& Marceli Becker )*
*I. *
Apagar labareda ante os olhos de um dragão
Atordo...
-
CINEMA 2010
Os melhores filmes vistos nos cinemas & centros culturais:
*1. A tomada do poder por Luís XIV **** (Rossellini, 1966)
*2. No quarto da Vanda...
Um tempo novo
-
Roman Chazov fala-se do tempo que virá quando o passado ainda não passou um
tempo novo, embalado, comprimido plástico bolha e todas as mãos ávidas Lou
Vilela
LIVRO NOVO: Queria ficar por aqui
-
Em 06/04/2019, lancei mais um livro infantil: *QUERIA FICAR POR AQUI*,
primeiro volume da minha *COLEÇÃO PEQUENO FILÓSOFO*,
com ilustrações de Rafael Dant...
Confusão
-
imagem do Google
Cada vez mais distante
da sanidade
Meu entendimento
truncado
me aparta da verdade
Sinto me desconectada
da compreensão
do todo e de tud...
-
quando a noite veio me esmagar com suas mãos frias
quando não tive saída abri a porta da sala
e você entrou
seus olhos eram mais gelados
que o silêncio dos p...
6 Cara Alami Mengencangkan Kulit Wajah
-
Cara Alami Mengencangkan Kulit Wajah - Kulit yang sudah mulai tidak kencang
akan membuat kita terlihat lebih berumur, aktifitas yang banyak di luar
ruangan...
Poema de Alberto da Cunha Melo
-
*NESTE INCERTO LUGAR*
"O essencial é assustadíssima
e soberba ave, como um galo:
só duas mãos, dentro da treva,
sem ruído, podem pegá-lo
ou surpreendê-lo n...
Chamado
-
o amor me chama
deseja repousar no meu colo
esparramar-se em minha cama
pleno e delicado
sereno e desarvorado
dono de si
dono de mim
quero o amor sussurr...
sentimento de araque
-
Coisa inútil e inveja, sentimento de araque. A pessoa enxerga no outro algo
que pensa querer ter demais. E e tao forte o olhar na grama do vizinho que
...
[Ano III, No. 27 - 2013] DES-CONSTRUINDO O GÊNERO
-
....................................VINHETA DE APRESENTAÇÃO E SUMÁRIO
Revista Ellenismos, 27: des-construindo o gênero from nina rizzi on Vimeo.
........
Giz*
-
* "No palco, na praça, no circo, num banco de jardim,*
* correndo no escuro, pichado no muro, você vai saber de mim..."*
*Chico Buarque*
Se tive...
Artistic K Cups
-
Do you know that these lovely hats are made with recycled K cups? Enhance
your creativity with K cups bulk and enjoy your freshly brewed coffee at
the mos...
Do amor conhecido
-
*e se você não tivesse me segurado a mão com a delicadeza de quem lhe
conhece as feridas antigas, e se você não me dissesse da emoção dos teus ...