baú


o que tirei do baú não eram mistérios
eram panos remendos algumas bijouterias
um urinol branco de ágata uma toalha de renda
um álbum antigo de pessoas desconhecidas
(mesmo que me reconhecesse em algumas fotos)
um cheiro de poeira a tesourinha da minha avó
a seringa de prata do meu avô
um disco de carlos gardel e el dia que mi quieras
um vestido vermelho e o perfume de uma noite

tirei de lá algumas vidas adormecidas em lembranças
e as ressuscitei na sala de jantar
ficaram cochichando rindo dançando
e eu sussurrando medos

o que tirei do baú não eram mistérios
mas o fechei com força a sete chaves
e era hora do jantar

14 comentários:

João A. Quadrado disse...

[grande a caixa de memórias do nosso mundo, o nosso baú, sopro imaginário dum presente vivo, sopro]

um imenso abraço, Adriana

Leonardo B.

Adriana Alves disse...

Cabem muitas lembranças em nosso baú imaginário. Que bom preservá-las.

Unknown disse...

Lindo, DRI!

Eu quero o Gardel! Poema cheio de sensações!

Beijos, poetisa!

Mirze

assis freitas disse...

livrai-me dessa caixa de Pandora,

beijo

Anônimo disse...

Há coisas de nossos baús que se tornam indigestas com o tempo.

Forte, Dri, muito bom!

Beijo.

Quintal de Om disse...

Nossas ba~us n"ao falam
mas contam histõrias
daquelas eternas.

LIndo, lindo.
Meu beijo, Adriana.
Samara Bassi

Úrsula Avner disse...

lindo post Dri... Um texto nostálgico num desenrolar cheio de bonitas imagens poéticas e um final inteligente. Bj e um ótimo feriado.

byTONHO disse...



"mof.ando.parado"

Bah...úúúh!

:):

Mauro Lúcio de Paula disse...

Adriana,
há muito mais baús na nossa memória, há muito mais; até as suas lembranças viram poemas cheios de músicas e sensações, parabéns poetisa, parabéns!

Cy Lopes disse...

estou aqui, de volta, e logo vejo esse seu belo poema.
no dia em que resolvo abrir o meu baú, vejo o seu.
você, como sempre, voando e encantando...
beijos,
Cynthia.
se puder, dá uma olhada no blog que abri hoje paraomeubem.blogspot.com.
mesmo com toda a distãncia, você sempre esteve em meu coração. desculpe-me pela ausência, mas coisas e coisas aconteceram, algumas me tiraram as forças de manter-me acesa.

Rounds disse...

Tenho muitas recordações da sala de jantar.

Baú é como álbum de fotografias, só que com uma nuvem de mistérios pairando no ar...

Bj

Wania disse...

Dri

Adoro este teu jeito, parece que vou junto tirando do baú o que não eram mistérios...

Liiiiinda poesia!



Um Páscoa doce pra ti e todos os teus, amiga!
Bjão

Renata de Aragão Lopes disse...

Recordações como aperitivo:
delícia!

Beijo,
Doce de Lira

Mara faturi disse...

Te ler é um banquete;)
bjos!!