Louise Brooks em fotograma do Filme A caixa de Pandora/ Die Büchse der Pandora (Alemanha, 1929), de Georg Wilhelm Pabst.

a caixa de pandora
nina rizzi

i-

se ele me quer, me arrasta
sem pedidos ou cara de maior-abandonado.

se não quero, um bico de pedinte
que conhece seus direitos (inalienáveis)
se forma no canto de seus lábios
e novamente sou arrastada
ao que parece ser minha cama

(e que emverdade nunca será,
uma vez foi da enorme cadela prenhe
que ele deixou num rancho esquecido)

: mais uma vez,
uma vez mais
ele me quer recipiente.

ii-

cadê o meu casulo,
aonde está o útero da mãe
o meu planetaesferabolhamundo?

devo ser guardada e esquecida
como a porra dele

:num recipiente escuro e misterioso
dentro de uma mulher.

iii-

ele até pede que eu use
vermelho, rosa, preto

- quase sempre branco -
mas se(u) pinto não se importa.
*


8 comentários:

Anônimo disse...

Por que se importaria? A fantasia, mesmo, está por baixo.

Muito bom, Nina, beijo!

Hercília Fernandes disse...

Poema forte, corajoso, arrebatador, Nina. Mas sem perder de vista a "ternurância" nineska.

Muito bom, A-DO-REI!

Beijos,
H.F.

Úrsula Avner disse...

Oi Nina,

o poema expressa bem aspectos das relações de gênero que são mesmo complexas... Versos fortes e arebatadores com disse a Hercília.
Muito bom e inusitado ! Bj,

Úrsula

Unknown disse...

Como direi falar de amores?

É um poema ninesco-noir.

Belo e forte, uma viagem diferente, no meu caso!

Parabéns, Nina!

Beijos

Mirse

líria porto disse...

essa menina
das vez sinto por ti uma ternura de te pôr no colo e te proteger...
besos

Unknown disse...

Prá que tanta fantasia perguntava meu coração, porém meus olhos não perguntavam nada, assis-tiam. Cheiro.

Lou Vilela disse...

Belo e contundente, minha cara!

Bjs

Renata de Aragão Lopes disse...

Não adianta, Nina: você sempre me surpreende!

Seu estilo literário - provocante, elegantemente agressivo - é, certamente, um deleite a todos os leitores!

Um ARRASO! : )

Beijo doce de lira!