Não mais
festivais,
nem praças-da
alegria-alegria.
Nem carnavais,
como aqueles de
antes.
Não mais cirandas,
bandas, nem passeios
ingênuos
nas rodas
gigantes.
Agora, é só play-ground,
Play Center e Bungee
Jump.
Não mais nadar contra a
corrente,
nem voar andar voar flutuar
contra o vento,
sem lenço e sem
patente.
Caê já é terceiro
-tenente,
aspirante a
Coronel
Antonio
Bento.
E dizem que não
cai.
Dizem que não toma
vaia.
Dizem: tomara-que
-caia.
Dizem que ele usou
saia,
mas não usa
mais.
Dizem que é quase
calmo,
quando
fala; mas não gosta de
coro, quando canta
no palco.
Caê é índio
com cara
-pálida:
gosta de
carne
dura,
e pele
clara,
ou
escura.
Não para de
compor, e acha
pérolas raras no mar de
Salvador.
Encontra bolhas e belezas
flutuando no vapor barato,
mama nas tetas das vacas
profanas,
e sai ileso.
Não lhe roubam cheque nem
dinheiro. Tem sorte.
Sei que estica a língua até onde
pode,
quase fala
latim.
Estica e roça na
língua dos
grandes
autores.
Explode eclode implode
sambódromo e
Hollywood.
É sempre a mesma
fera,
na voz dos negros do
Harlem, ou de Elza
Soares.
Desnuda aponta apresenta
tecnologias da
linguagem,
canta pinta e borda
som-e
-imagem,
na ponta da língua,
nos trejeitos,
no vibrato da
voz.
Representa, quando
canta,
cenas de trovador
cosmopolita
antropofágico
tropicalista
hiper-urbano,
evitando clichês,
crayon e giz de
cor.
Prefere óleo e
acrílico, materiais
duráveis ou
definitivos.
Queria mesmo era ser
escultor.
Caê vai encarar toda
ofensa,
defender nos tribunais
o direito de ser estrela,
e não
encaretar.
É mau ator, quando se
aventura:
paródico,
hiperbólico,
parabólico
-camará,
como outro baiano cantor,
que não sabe atuar.
Mas é primo-irmão de Glauber
Rocha, num parentesco de alma.
E canta bem, em espanhol, num filme de
Almodóvar.
E tudo faz pra ficar odara.
Tomara Deus, mesmo,
que Caê
não caia.
Nunca.
festivais,
nem praças-da
alegria-alegria.
Nem carnavais,
como aqueles de
antes.
Não mais cirandas,
bandas, nem passeios
ingênuos
nas rodas
gigantes.
Agora, é só play-ground,
Play Center e Bungee
Jump.
Não mais nadar contra a
corrente,
nem voar andar voar flutuar
contra o vento,
sem lenço e sem
patente.
Caê já é terceiro
-tenente,
aspirante a
Coronel
Antonio
Bento.
E dizem que não
cai.
Dizem que não toma
vaia.
Dizem: tomara-que
-caia.
Dizem que ele usou
saia,
mas não usa
mais.
Dizem que é quase
calmo,
quando
fala; mas não gosta de
coro, quando canta
no palco.
Caê é índio
com cara
-pálida:
gosta de
carne
dura,
e pele
clara,
ou
escura.
Não para de
compor, e acha
pérolas raras no mar de
Salvador.
Encontra bolhas e belezas
flutuando no vapor barato,
mama nas tetas das vacas
profanas,
e sai ileso.
Não lhe roubam cheque nem
dinheiro. Tem sorte.
Sei que estica a língua até onde
pode,
quase fala
latim.
Estica e roça na
língua dos
grandes
autores.
Explode eclode implode
sambódromo e
Hollywood.
É sempre a mesma
fera,
na voz dos negros do
Harlem, ou de Elza
Soares.
Desnuda aponta apresenta
tecnologias da
linguagem,
canta pinta e borda
som-e
-imagem,
na ponta da língua,
nos trejeitos,
no vibrato da
voz.
Representa, quando
canta,
cenas de trovador
cosmopolita
antropofágico
tropicalista
hiper-urbano,
evitando clichês,
crayon e giz de
cor.
Prefere óleo e
acrílico, materiais
duráveis ou
definitivos.
Queria mesmo era ser
escultor.
Caê vai encarar toda
ofensa,
defender nos tribunais
o direito de ser estrela,
e não
encaretar.
É mau ator, quando se
aventura:
paródico,
hiperbólico,
parabólico
-camará,
como outro baiano cantor,
que não sabe atuar.
Mas é primo-irmão de Glauber
Rocha, num parentesco de alma.
E canta bem, em espanhol, num filme de
Almodóvar.
E tudo faz pra ficar odara.
Tomara Deus, mesmo,
que Caê
não caia.
Nunca.
Texto extraído do blog “O lugar que importa” (http://olugarqueimporta.blogspot.com/2008/03/ca-no-cai.html) by Marcelo Novaes. Autorizado pelo autor para postagem.
5 comentários:
Simplesmente divino, Maria Clara!!!
Adorei esse poema-biográfico do Marcelo Novaes sobre Caetano Veloso, é como o autor diz: "Caê não cai"!
Irei visitar o blog do autor e deixar lá tb o meu abraço.
Demais!
Ana claúdia-BA.
Olá, Maria Clara!
Esse poema ficou muito bom aqui no seu blog!
Apresentação elegante, e contexto valorizador.
Obrigado!
Beijos,
Marcelo Novaes
Olá amigos.
agradeço as visitas e os comentários.
Ao Marcelo por ter me autorizado a postagem de seu poema e ainda se fazer presente em meu modesto blog.
À minha amiga Ana Claúdia por visitar esse cantinho e deixar no ar o frescor de seu perfume...
Beijos e voltem sempre!
Maria Clara.
MARCELO NOVAES ME INDICOU VOCÊ, EU JÁ PENSAVA EM COTACTÁ-LA, POIS HERCÍLIA ME FALOU MUITO BEM DE TI.
TEMOS EM COMUM O FATO DE AMAR-MOS A POESIA SEM PODER ESCREVE-LA, TALVEZ ISSO AUMENTE O AMOR QUE TEMOS POR ELA, ASSIM COMO A MÃE ESTÉRIL AMA MAIS AINDA A CRIÂNÇA QUE ADOTA, MESMO SABENDO NÃO TER SEU SANGUE.
UM ABRAÇO .
MEU E-MAIL É : WELLGUIM@HOTMAIL.COM
É... Wellington nem todos têm o dom da escrita, mas creio que a sensibilidade poética não é exclusividade do poeta, mas também daquele que sente as atmosferas por ele lançadas. O leitor também dá vida ao texto!
Agradecida por sua visita.
Breve entrarei em contato.
Abraços,
Maria Clara.
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