Fé cega


Meu cão de guarda rosna baixo
para a presença que ele só ouve
e que eu só sinto
ambos não veem
o visitante que se acomoda
sem ser convidado
Sua presença exala tanta solidão
que o deixo ficar
Não imagino quem seja, se:
espectro, imaginação ou resto de fé
mas poucos cruzariam minhas portas trancadas
e após engolidas todas as chaves
quem se atreveria a bater?
A espécie de alma pressente minha angústia
e atravessa paredes
senta-se sem cerimônias no chão
Meu cão, confuso
observa o ar que se movimenta
olha para mim enciumado
como se interrogasse
o que seria mais aquela companhia
c(o)alada no meu rastro.



39 comentários:

O Neto do Herculano disse...

São sombras,
são fantasmas,
são medos,
são desejos.

Állyssen disse...

Cão e algumas gentes são espécies de comunicação estranha e sensível...

Mas os meus gatos... ah os meus bichanos...

;*

angela disse...

Companhias que vem de não sei de onde, das estrelas, de outros mundos, desprendem-se de nós mesmos?
Companheiros da solidão.
É preciso coragem para partilhar o tempo com eles.
Lindo amiga.
Beijos

Gustavo disse...

Sensacional, Lara. Essa me deixou arrepiado. Adorei!

Aplausos!

Lídia Borges disse...

Um (pre)sentir só ao alcance do "faro" do cão ou do poeta. Uma presença marcada pelos traços da invisibilidade... Mas presença.

Muito bom!

Beijo

dade amorim disse...

Existem muito mais visitantes invisíveis do que sonha nossa vã filosofia.

Beijo pelo poema, Larinha.

Anônimo disse...

un toque de enigma, pero muy bien gestado tu escrito.
un abrazo

Batom e poesias disse...

Pelo poema que inspirou só pode ser um Anjo.
Anjos atraem Anjos.

bjs, amadica.
Ross

Zélia Guardiano disse...

Lindo, minha querida Lara!
Certamente é um mago invisível, encarregado de trazer-te inspiração para os versos encantadores que sempre fazes...
Enorme abraço, amiguinha!

Suzana Guimarães disse...

Adorei! Diferente de tudo que costuma postar.

Eu sinto isso constantemente, mas tenho medo. E não tenho um cão para me avisar... eles, os cães, sabem muito, bem mais que nós. Se ele não gostar, não goste também, não permita também. Não aceite. Vomite a chave, abra a porta e expulse o visitante silencioso.

Beijos!

byTONHO disse...



O CÃOfuso não GHOSTou...
mas eu gostei, arrepiaste-me!

Vou tomar um ca!

:)

Úrsula Avner disse...

Oi Lara,

texto de grande riqueza literária e sensibilidade poética como de costume. Bj querida.

A.S. disse...

Lara,

A tua poesia é inconfundivel!


Beijos...
AL

Unknown disse...

"O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
Edgar Allan Poe

beijos, poeta de versos alados

Unknown disse...

Larinha!

Emocionou-me ao extremo esta "Fé Cega"! Os cães e suas almas nos protegem,

Sua sensibilidade é intensa nos versos!

Deixa belos rastros!

Beijos, poetisa-sonho!

Mirze

Marcantonio disse...

Olhe, a beleza desse poema me impressionou. Uma forma admirável de falar da percepção de si mesma como fronteiriça ao mistério. Projeção? Sensação de uma presença objetiva? Uma e outra seriam capacidades de uma mesma sensibilidade intensa (e atenta).

Beijo, Lara.

Al Reiffer disse...

De uma profundidade arrepiante, adorei! bjos.

Adriana Riess Karnal disse...

Lara,
Seu cão presente um outro eu: solidão.lindo,lindo,menina.

Moisés de Carvalho disse...

Lara !

¨FÉ CEGA¨ é, com certeza, um dos melhores poemas que ja li;

voce exorbitou , estou extasiado...!

um beijo , poeta !

Noslen ed azuos disse...

...se sentou para ouvi-lá e se tornou poesia.

Bjs’ns

Canteiro Pessoal disse...

Lara, como uma flecha certeira a trazer: brilhantismo de escrito.

Abraços

Priscila Cáliga

Fabio Rocha disse...

Arquivo X! :)

Anônimo disse...

Olá, Lara!

Belíssimo poema!
Intenso e profundo...

Beijos, querida.

Joelma B. disse...

Maravilhoso texto, Larinha...

Beijo!

Dario B. disse...

Portas trancadas, chaves engolidas. Atende então a quem não bater a tua porta. Um beijo.

Suzana Guimarães disse...

Lara,

Não sei como você recebe este tipo de homenagem (alguns gostam, outros não), mas eu a escolhi, dentre seis, para receber o selo do “Prêmio Dardos”, que é o reconhecimento aos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc, que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras.

Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento ao seu trabalho.

Passa lá em casa para pegar o seu.

Um grande beijo.

Adriana Godoy disse...

Lara, gostei desse tom de mistério em seu poema. Tão bonita a relação do cão e o que é imperceptível pra nós.

É fácil constatar como seus poemas estão cada vez mais maduros e bonitos.

Parabéns!
beijo

Luisana Gontijo (Lu) disse...

Oi, Lara,

Vim conhecê-la por indicação da Suzana/Lily, que nos fez uma homenagem carinhosa no contosdelily e teceu fortes elogios a você. Claro que eu viria, primeiro, por confiar plenamente no gosto dela, mas, o que encontro aqui é ALMA!

Mergulhei neste poema, Fé cega, de uma profundidade que achei ímpar, e em outros do seu blog, e conclui, por mim, que a definição de seu perfil é: POETISA.
Pura e simplesmente poetisa nata (ou inata, preferem alguns),
é você, garota!

Vou fazer deste seu livro virtual um dos meus de cabeceira!
Beijo!

Eu disse...

Pessoas sensíveis sentem e pressentem!
Apuram os sentidos e percebem vidas pulsantes que nos acompanha.
Tenha uma semana maravilhosa!
Beijos com meu carinho

ValeriaC disse...

Fantástico seu poema Lara... um misto de profundidade, de mistério...
Tenha uma linda semana...beijos...
Valéria

Mi Satake disse...

Oi LAra,

Muito bacana, muito profundo e instigante seu poema!
E qdo achamos q mais ninguem se atreveria ou teria coragem, ou até mesmo amor suficiente pra adentrar nossos portões cerrados, somos surpreendidos.
E será bom? As vezes sim!

Um beijão
Michelle
é legal e poético!

lis disse...

Lara
um deleite sua poesia
impossível traduzir , os poetas são intraduzíveis.
o que me sobra é dizer: que ternura , que lindos rastros nos deixam essas criaturinhas "anjos".
muitos abraços

Domingos Barroso disse...

somos tão pequenos
e farejamos tão pouco
embora a poesia
ainda nos abençoe
...

Carinhoso beijo,
Alma Sensível Que Levita

Anônimo disse...

=)

Machado de Carlos disse...

O cão é dono do território e vigia o seu dono. São parceiros e enciumados.
Belíssima composição da autora Lara! Parabéns para ela!
Um Grande Abraço!

Valéria lima disse...

Concisão, precisão, emoção: eis a poesia que se faz tensão.
Perfeito!

BeijooOs

Jefferson Bessa disse...

mais do que ver
é sentir
esses visitantes.
Abraços.
Jefferson.

Lou Vilela disse...

Sensibilidade e mistério num entrelaçar de mundos...

Beijos

Poemas do Jorge Jacinto da Silva Jr disse...

Adorei o Blog! Parabéns! Abraços, Jorge.