Filho pródigo


Para aquele que saiu do mesmo útero, mas não entrou no mesmo mundo


Não sabe ouvir
mas fala pelos cotovelos
punhos e joelhos

qualquer momento é de raiva
movimento, só na defensiva
o desespero é tanto para achar a palavra
a tanta razão é nada
comparada ao que ele consegue exprimir
quando eleva o tom e abaixa o nível

ganha qualquer um
no grito
me diminui
me faz querer morrer
tantas vezes
ou nem mesmo tentar

não sabe dialogar
mas não cala
e espalma sem remorso
o que os outros lhe dizem
pensa que todo conselho é mentira
é tentativa de homicídio de sua mente
doentia

para ele, toda palavra proferida
é contra a sua pessoa
e um dia, será mesmo.

26 comentários:

Anônimo disse...

acho que esse aí nem freud explica.
beijo.

olha só a palavra de verificação:
keridim

rs... é mole?

Úrsula Avner disse...

Oi Lara,

profundos versos... Há muitas pessoas nessa condição sem serem filhos pródigos e há muito de filhos pródigos em cada um de nós... Poema pra lá de reflexivo... Bj.

Breve Leonardo disse...

[como no reflexo nocturno se vislumbra uma réstia de dia, na alma, mais que no corpo gémeo, tudo se diz e contradiz, ainda que dia e noite seja a mesma matriz... é espelho, e tudo o que se reflecte de ambos os lados que se conduz com essa mão poeta, sempre]

um incondicional e
Imenso Abraço, Lara

Leonardo B.

Em@ disse...

Profundíssimo e doloroso. não é Lara?

beijo

Eder disse...

Fantástico!
Meio que me vi, também, no poema. Mas sua poesia tem esse efeito, mesmo que não tenha absolutamente nada semelhante, queremos nos ver pra absorver um pouco dessa beleza e lirismo, que por mais que doa é tão viva!

Beijo grande, Lara!

Unknown disse...

Larinha!

Poderia até apontar. É tão real e comum esse filho, Sen sibilíssimo, mas consegue tudo o que quer.

Fosse eu, para ver????

Fantástico esse seu filho pródigo!

Beijos

Mirze

Nadine Granad disse...

Profundo, intenso... mágico como sempre!
A descrição inicial: genial!

Beijos =)

... como costumo dizer: sempre li(n)da!

Állyssen disse...

Talvez Freud explique. hehehehehe

=p

E parece alguém que conheço... às vezes até podemos encontrar esse cara aí na frente de um espelho... ah, podemos sim... naqueles dias...

Beijo, Larinha!

Álly ;*

Lou Albergaria disse...

Lara,

Quanto mais eu vivo, mais eu percebo o quanto saber viver com serenidade é uma arte e das mais sublimes.

Alcançar o tempo da delicadeza só mesmo com muito esforço e empenho de alma. E mesmo assim derrapamos, pois anjos e santos não estão entre nós. Apenas pessoas mais amadurecidas ou mais imaturas. Mas isso só o tempo dá jeito.

BEIJÃO!

Tenha um lindo fim de semana!

TÔ louca pra ler o livro MARIA CLARA. Vou já encomendar o meu. Inclusive estou mostrando esse livro lá no LOBA na barra lateral, pois admiro muito o trabalho de todas vocês.

angela disse...

Não entrou neste mundo
Aqui tudo lhe é hostil
Sente falta do utero
O outro é intruso
Que afasta com seu berro

Sua majestade o bebe.

Lindo poema, tanta gente assim.

Carol Morais disse...

Vai entender o ser humano....

Domingos Barroso disse...

e será a sua palavra
a última e verdadeira.

a primeira e única.

simples,
você vive além
e ultrapassa margens.

beijo carinhoso
(não esqueça nunca
que sua alma de tão sensível levita)

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) disse...

Laríssima,
E um dia, será mesmo: quem procura acha...
Prazer passear tuas palavras, moça sensível e certa do cerrado...

Abraço incerto,
Pedro Ramúcio.

Zélia Guardiano disse...

Interessantíssimo poema, Lara querida!
Eu diria uma crônica poética.
Filho pródico: questão até bíblica...
Você escreve demais, minha linda!
Abraço e beijinhos.

Unknown disse...

a palavra preterida, a desdita, bendita a vida que se consome em contrários,



beijo

Luiza Maciel Nogueira disse...

todo contrário tem seu avesso e um dia todo ódi derreterá em mansa ternura :)

beijos!

Marcantonio disse...

Olhe, se essa "dedicatória-epígrafe" não tivesse sob ela um original poema, por si mesma já seria incrível!
E não é mesmo? E tem gente que sai de úteros distantes para entrar no mesmo mundo de afinidades, ou, pelo menos de trocas comunicativas. Pelo jeito, esse "personagem" ainda leva vida uterina, trancafiado em si mesmo!

Beijo.

Adriana Godoy disse...

Nossa, Lara, me surpreendeu esse poema tão forte, tão verdadeiro e tão lindo ao mesmo tempo.

Irmão pra mim é uma palvra forte, pois os que tenho são realmente irmãos.

Não sei se é o se eu-lírico, mas de qualquer forma atingiu em cheio.

Beijo

Rosangela Ataide disse...

"para ele, toda palavra proferida é contra a sua pessoae um dia, será mesmo."
Certamente será, apenas cuidamos que chegue lá!
Gostei...
Abraço!

Batom e poesias disse...

Por isso dizem que os amigos são os irmãos que escolhemos.
Dia virá, que compreenderemos que tudo é tão, mas tão pequeno que vale a pena sublimar.

Lindo como sempre, menina Lara.
E triste.

bj
ross

Suzana Guimarães disse...

Ótima descrição! Se você precisasse, eu até lhe daria o nome da pessoa...

Beijos!

Sândrio cândido. disse...

lara querida, sempre surpreendendo com uma poesia divinal.
beijos.

Francys Oliva disse...

É por isto que adoro os passáros, cães...Beijos tenha um excelente final de semana.

Lou Vilela disse...

Demasiado humano...

Excelente construção, Larinha!

Beijos

Wania disse...

Um dia, ele, a "casa" torna...



Sempre linda a tua escrita, Lara!
Bjs, minha querida!

Hercília Fernandes disse...

Lara,

gostei imensamente do seu poema. Você traduz, em versos, a vontade daqueles que, por inúmeras razões, não revelam claramente as suas ideias e sentimentos, sobretudo quando vítimas das más ações de outrem.

Parabéns por sua coragem, por proferir tão pertinentes palavras.

Um beijo,
H.F.