Absorção pelo Eterno


Arte Raquera



Lembro como eram inquietos nossos jovens corações, como eu tremia quando tocavas minha mão e juntos, sentávamos apreciando o luar. A princípio teu olhar era o meu encantamento. Depois me apaixonei por teus pensamentos.São poucas as belas lembranças desse amor. A tirania, o poder e o desamor, ocuparam teu coração e turvaram o brilho que teu olhar, outrora tinha. Hoje desprezo-me pelas vezes que tentei conquistar tua atenção. Cheguei ao fundo do poço. Tudo em vão. Segui, e as recordações ficaram. Deve ser assim a vida.....
O paradoxo de amar sem ser amada.
De viver, sem companhia.

Angústias de espera, mais nada.

Esta união nasceu para a eternidade, não para a vida.

A vida cobra. A eternidade absorve!

10 comentários:

Hercília Fernandes disse...

"Esta união nasceu para a eternidade, não para a vida".

Bela frase de fechamento, Mirse. A fugacidade dos relacionamentos humanos vem descrita em seu poema-prosa com grande intensidade de sentimentos; e, aponta para sentidos além da temporalidade presente.

Muito gostei. A imagem também é bela!

Beijos :)
H.F.

Unknown disse...

Obrigada, Hercília!

Fico imensamente feliz que tenha apreciado

Beijos

Mirse

Wania disse...

Liiiindo e profundo, Mirse!

"A vida cobra. A eternidade absorve"!


A vida parece bem mais cruel que a eternidade. A última parace que atunua as cobranças e afrouxa o laço, talvez por ter menos urgência que a primeira!
Agora, a espera sacrifica igualmente!

Bom te ler!

Bjão, amiga!

Unknown disse...

Obrigada Wania!

Sua leitura perfeita, sempre adiciona!

Grata, amiga

Beijos

Mirse

Úrsula Avner disse...

Oi Mirse,

Acho que a Hercília já disse tudo e por isso reitero as palavras dela. O Eterno é mesmo absorvente... Nos absorve o desejo e a ideia de viver para sempre... As duas últimas frases são impactantes e tornam o seu poema-prosa expressivo, reflexivo, além de delicado. Bela imagem em harmonia com o texto. Bj com carinho.

Unknown disse...

Obrigada, Úrsula pela leitura atenta e pelas expressões de carinho para comigo!

Como uma das poetisas que admiro, fico lisonjeada com seu comentário!

Beijos

Mirse

Vinicius disse...

Há a necessidade de que o amor seja sublime, e por ventura, se não o for, o amor passa a ser inventado – nota-se isso nos traços do passado percebe-se nos tons; Shakespeare sabia que o amor só quando trágico torna a ser visto pela lente dos mortais; hoje o amor tende a ser menos trágico, tende a ser mais utópico, como na frase que tu disseste “Essa união nasceu para a eternidade, não para a vida.” Abraço.

Unknown disse...

Caro Vinícius!

Muito boa sua explanação. Fico feliz em ver meu texto compreendido!

Grata pelo comentário de enorme riqueza!

Grande abraço

Mirse

Adriana Godoy disse...

Um texto tão poético que dói. Uma alusão aos amores não correspondidos, que mesmo assim permanecem no tempo e espaço à espera de um retorno possível. Belíssimo, Mirse, embora, tremendamente, angustiante. Bj

Unknown disse...

Oi Adrina!

Grata amiga pela leitura atenciosa do texto!

Fico feliz com isto!

Beijos

Mirse