“pelo sim, pelo não”
poesia-balão!...
Se vão os brincos...
vão comigo
não contradigo jogos de sentido
choro, rio, trinco!...
by hercília fernandes
tem gente que ama na retranca
não se entrega não tem febre
não tem sudorese
não beija não chora
não sonha não sangra
não faz planos
tem gente que nem é gente
é prosopopéia
by líria porto
Se
não me engano
todo dano
tem o seu preço
nem
tudo o que parece
é mero
adereço
nada
vai e vem
à toa
ou em vão
por isso
abra o olho
enquanto é tempo
pelo sim
pelo não
by múcio l. góes
Amanda Cass e a série “Coração-balão”
Amanda Cass nasceu em Auckland, Nova Zelândia, porém reside em Marlborough. É uma artista bastante criativa que se dedica à pintura em acrílico, arte digital e fotografia.
As artes que compõem esta postagem integram a série “coração-balão”. Na série, a artista se inspira no amor, na liberdade dos sentimentos e ações, na própria vida.
A personagem que acompanha as pinturas é uma menina que vê o amor em todos os lugares por onde anda. Sua alma é lúdica, poética, livre... como os pássaros que a seguem e os balões que flutuam em seus sonhos.
Estraga prazer
(notas de explicação que ninguém pediu...)
Existem poemas que não são poemas: são “brincos”. Mais parecem jogos de construção, pois o poeta brinca com as palavras, os sons, os sentidos... Explora possibilidades sígnicas, acentuando o movimento dos versos, das batidas rítmicas. Tudo isso serve para conferir maior ludicidade ao poema, tornando-o jogo estilístico-semântico prazeroso de se ler, ouvir, brincar, descobrir.
Uma das figuras de construção sintática que mais atribui movimento e ludicidade aos versos é a “aliteração”. A aliteração, segundo Sarmento (2005), consiste na “repetição” de um mesmo fonema para realçar determinado som ou conferir maior ritmo à oração. Ela pode ocorrer a partir da repetição de sílabas tônicas, como nesses versos de Manuel Bandeira: “Sino de Belém, pelos que inda vêm! / Sino de Belém bate bem-bem-bem-bem” (apud SARMENTO, 2005, p. 582); como também por meio de “encontros consonantais”.
No último caso, a aliteração, além de promover maior movimento aos versos, estimulando a dicção, também dificulta a pronúncia de algumas palavras, sendo uma figura sonora bastante utilizada em trava-línguas.
Nos textos poéticos acima, as aliterações se expandem a partir de fonemas consonantais. Em os poemas Partilha, Insípido e Chama se destacam aliterações através das combinações com a consoante “r”, que incentivam a dicção e produzem um efeito humorístico, contribuindo para acentuar o sentido lúdico dos conteúdos de significação. Mas há, ainda, a aparição de outras espécies de aliteração nos textos expostos, como as construções fonéticas combinadas às consoantes "n" e "m".
Sugestão de leitura
Poesia para crianças?... O lúdico na blogosfera
Referência
SAMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. 2. ed. rev.. São Paulo: Moderna, 2005.
* Para visitar os blogs dos poetas clique nos "títulos" dos poemas.
**Artigo escrito por Hercília Fernandes.
18 comentários:
Hercília,
bela seleção de poemas.Gostei da "aula" sobre aliteração...seguimos aprendendo com você.E as imagens da CAss são uma graça, ela,como vc, é talentosíssima.
Hercília,
Todos os três são lindíssimos!
Sonoros...
Desculpe a minha ignorância, não conhecia este termo. Tb, como Adriana, apreciei muito esta tua aula!
A gente (falo só por mim) acaba escrevendo empiricamente... por certo a sonoridade a que me referi é resultado do emprego desta figura de linguagem!
Vivendo e aprendendo!
Isso é o bom da vida!
Bjs e obrigada pela partilha,
Bjs
PS: as ilustrações de Amanda Cass são um primor. Casamento perfeito com o texto!
Olá Hercília!
Vou pelo SIM a esta bela postagem e concordo com Adriana Karnal!
Seguem-se belas aulas, onde nós é que ganhamos em beleza e aprendizado.
Beijos
Mirse
Excelente postagem! Tema, imagens e textos escolhidos com maestria.
Beijos
*Adriana,
me alegra saber que tenha apreciado. Muito bom receber o seu comentário. É um estímulo e tanto, pois não é todo dia que se escuta isso de uma "mestra em linguística".
Muito obrigada, Karnal. Sua apreciação é muito preciosa para mim.
Beijos :)
H.F.
*Wania,
poeta que é poeta nem precisa saber dessas "cousas"... opera intuitivamente essas ferramentas e o faz com maestria.
Mas, é claro que o conhecimento, o aprimoramento da técnica de uma forma geral, contribui bastante para o amadurecimento da percepção artística.
Porém, há poetas que fazem tudo isso sem nunca terem ouvido falar em aliterações, assonâncias, consonâncias... Esse é o caso dos repentintas, dos cantadores de viola, dos trovadores... enfim, de tantos artistas da chamada literatura popular.
Me contenta bastante receber as suas palavras. Mas, desde já lhe digo: pelo o que andei lendo em seu blog, você utiliza muito bem as figuras de construção em suas escritas.
Obrigada pela boa oportunidade de diálogo.
Um forte abraço,
H.F.
*Mirse,
fico feliz em contribuir... pois sonho com um país de leitores. Quem sabe um dia não chegamos lá?...
Muito obrigada por sua presença e gentilezas mil, minha querida!
*Lou,
acabo acreditando, viu?...
Além de uma grande poeta, você tem olhar clínico, percebe nuances como ninguém.
Muito me apraz o seu gostar, minha caríssima!
Forte abraço, Meninas!
H.F.
Belos poemas, Hercília.
E esta série de Amanda Cass é "uma coisa". Sempre muito bom passar por aqui. Bjs.
Nydia,
nessas nossas andanças pela Internet nos deparamos com grandes artistas. Isso é muito bom!
Poetas como você, a Líria, o Múcio e tantos outros que integram a Blogosfera. Poder estar em contato com as suas criações é fantástico.
Quanto à Amanda Cass, eu me apaixonei perdidamente por sua arte, sobretudo com a série coração-balão.
A menininha, os pássaros, os balões, as rosas, os campos vastos, os gestos... enfim, há muita expressão de liberdade e beleza em sua criação.
Fico muito feliz que você também tenha apreciado.
Um beijo :)
H.F.
Oi Hercília,
Gostei muito da postagem onde a interlocução entre os tres lindos poemas ficou ótima. Além do aspecto da aliteração, tão bem ressaltado por você, há uma riqueza de conteúdo existencial nos tres textos, que falam de amor, cada qual á sua maneira. As encantadoras imagens da menina que encontra o amor em toda parte, complementaram a postagem de forma peculiar. A propósito, sou fã da Líria e os poemas dela são um primor ! E como disse a Karnal, "seguimos aprendendo com você..." Bj.
Úrsula,
que lindo comentário!? Depois da fortuna de sua "análise", me calo inteiramente... (rsrsrs).
Você "desnudou" a sistemática do post. Mostra com bastante propriedade os motivos das interlocuções entre textos, e revela a temática que os une.
Muitíssimo obrigada, Úrsula. Seu olhar atento é uma preciosidade!
Abraço caloroso,
H.F.
Leitura deliciosa!
Parabéns por um trabalho
tão bem feito!
Três belos poemas,
ilustrados por uma mesma figura
que os explica...
Não bastasse,
uma lição poética ao final.
Tudo lindo
e perfeito para um domingo de sol! : )
Um beijo,
doce de lira
Renata,
sua visita e palavras me deixam abundantemente feliz.
Muito agradeço a sua leitura sensível, atenta e incentivadora.
Um domingo de pura poesia para você e os seus.
Beijos de lira,
H.F.
De encher... o balão!
Parabéns à "bagunça" poética!
HF, hoje fico com as palvras da minha Xará. Seleção primorosa, imgens belíssimas. Beijo.
*H.Pimenta,
bom saber que apreciou. Ando em débito com a leitura de seus poemas, mas já já chego em seu bar para a gente tomar um gole...
*Adriana,
me alegra o seu gostar. Obrigada pela leitura e carinhosas palavras.
Beijos, Amigos!
H.F.
hercília
a tua exposição bem elaborada, as ilustrações de amanda cass, que eu não conhecia e me encantaram, a boa surpresa do meu poema entre os outros que ilustraram teus argumentos - obrigada por tudo!
besos
Líria,
eu adoro a sua poesia e este poema me pegou de jeito. A sonoridade, o jogo entre palavras e sentidos, tudo é maravilhoso.
O conteúdo?...
Uma pessoa que não tem sentimentos, que não consegue se emocionar, só pode ser prosopopéia. Mas o pior é que há...
Muito agradeço a sua visita e gentis palavras. Sua poesia aqui no Maria Clara ocupa cadeira vitalícia.
Um forte abraço, poetíssima!
Beijos :)
H.F.
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