Adão e Eva: Gustav Klimt
........................Afã!
................se fez
.........compota
....quando lua
............inteira
............-mente
..................torta
.....................maçã...
(07/09/09)
Pedra na lua*
Quando digo que não mais te quero
É a ti que eu venero.
Quando finjo um meio sorriso
É porque meu riso ainda é sincero.
Quando rasgo o véu e digo:
― O mel de tão doce virou fel.
Não me estranhes!
É porque ainda cobiço o teu céu.
Quando te escandalizo
E devoro o mito
Deformando Narciso
É para, logo depois, cometer suicídio.
Quando te esqueço,
E aquela voz velada aqueço
Me comprometo, rezo um terço
E me converto ao teu desejo.
Quando não te digo nada
E faço do silêncio a minha causa
É porque as palavras têm cauda
E já não me resta nenhuma lauda...
Quando me enfeito de diva
E repito: ― Sou eu tua Marília.
Não acredites, é tudo mentira!
Apesar do nome me fazer bem à rima.
Quando não sei quem sou
E te peço socorro
Não me dê a mão
Porque não te quero morto
Em meu coração.
Quando estou naqueles dias
A ponto de jogar pedra na lua
Me leves a sério, me leves pra rua
Me faças mulher, me deixes ser tua.
Mesmo que eu diga: ― Não!
Deixe a chuva cair
Pra lua reluzir de paixão.
Quando o tempo mudar:
― Me esqueças! E desapareças!
Porque o vento levou a contemplação...
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A poetisa e professora universitária Adriana Karnal deixou-me abundantemente emocionada com o ensaio crítico: A poesia subjetiva de Hercília Fernandes. Aproveito o post para agradecer o belo gesto da poetisa e a convidar os amigos à leitura do artigo.
*Poema extraído do livro: Agá-Efe: entre ruínas & quimeras (FERNANDES, Hercília: 2006, p. 61).
16 comentários:
Hercília,
Tua rima para Eva é delicada, e teu poema-pedra,é lua cheia, imensa,pura de poesia.Como sempre, me arrebatas.E quanto à tua crítica, fico feliz que tenhas gostado.Mereces muito mais...
Adriana,
você fez uma menininha sorrir. Forte a emoção que senti ao ler as suas palavras.
Mais uma vez, muito obrigada! E que lindo comentário!? Amei!!!
Um beijo :)
H.F.
Hercília,
Não ia comentar agora, porque sequer tinha visto, mas como estava postando em meu blog, resolvi dar uma olhada nos outros
E os seus, são sempre os primeiros.
Perdição -esta é realmente a alma feminina. Aquelas que só os anjos entendem, como você.
Emocionou-me profundamente, seu poema belíssimo!
volto depois para comentar os detalhes.
Beijos amiga querida!
Mirse
Esta "PERDIÇÃO", é a mais bela por mim vista!
E esse trecho:
"Quando não sei quem sou
E te peço socorro
Não me dê a mão
Porque não te quero morto
Em meu coração."
è de arrasar, rasgar a alma!
Parabéns amiga!
Fico feliz em compartilhar da sua beleza poética e de alma!
Beijos
Mirse
Mirse,
me alegra saber que apreciou os poemas e o diálogo que estabelecem.
Muito obrigada por sua presença e externalização do seu gostar.
Um forte abraço, minha amiga!
Beijos :)
H.F.
Oi Hercília,
belíssimos os dois textos e o diálogo entre eles ficou um show ! A maçã que virou compota no amor vivido ao luar que cobria Adão e Eva, foi muito bem expresso no outro poema " Pedra na lua" em o que o luar ou a lua também são configurados como símbolos do amor entre o homem e a mulher, entretanto, permeado pelas diferenças, pela complexidade humana, pelas questões de gênero (feminino e masculino ). Na verdade , acho que os dois textos trazem de forma contundente a questão do amor entre homem e mulher pensado na sua gênese e na sua evolução. Amei a sua criatividade e sensibilidade poética, mais uma vez bem aguçadas.
A homenagem da Adriana foi bem apropriada e dela eu compartilho com certeza, minha cara escritora e poetisa. Foi um prazer e ganho para mim enquanto pessoa e pretensa poetisa, ter conhecido você e o seu rico trabalho. Bj afetuoso.
Muito bem!
Força, sempre!
Que beleza, quem dera todos os diálogos fosse assim. Parabéns às duas artistas. Assim, a poesia sobrevive. beijos.
Úrsula,
sempre uma grande alegria realizar a leitura de sua ressignificação textual. Seu olhar e palavras me fazem muito mais poética.
Bela a sua leitura dos poemas e do diálogo que realizam entre si. Como sempre, direcionada por um olhar sensivelmente atento.
Muito lhe agradeço por acompanhar as minhas escritas e por se dispor a examiná-las.
Um forte abraço, minha querida!
H.F.
*Bardo,
força?! Não entendi... Ah, deve ser por causa do "Afã"... (rsrsrs). Você como sempre provocativo, muito bom!
*Godoy,
agradeço a sua leitura e amáveis palavras. Elas me fazem prosseguir...
Um beijo, queridos!
H.F.
Olá!!Hercília*
Perdição
"Quando digo que não mais te quero É a ti que eu venero. Quando finjo um meio sorriso É porque meu riso ainda é sincero.
Quando rasgo o véu e digo: ― O mel de tão doce virou fel. Não me estranhes! É porque ainda cobiço o teu céu."
Palavras com realismo dentro da minha alma ...ah !!se pudesse voltar ao tempo para declamar esse lirismo,hoje quem sabe eu teria o mel e cobiçaria o céu.Hoje sou tua Rosa...e sempre serei/somos mel e céu entre a "Perdição"
do nosso amor dentro dos nossos corações.
Belíssimo!!
BJS/*Rosa
Rosa,
me contenta saber que o poema lhe tocou a alma e os sentidos.
Muito obrigada pela visita, leitura e comentário tão expressivo.
Um beijo, linda Flor!
H.F.
O texto trabalha de forma bem ampla as emoções do universo feminino. A imagem o complementa em "uníssono". Bela construção, Hercília!
Dri Karnal fez, com habilidade e competência, uma boa leitura de seu trabalho. Aproveito para parabenizar as duas!
Bjs
Lou,
agradeço sua leitura e considerações. Seu olhar atento e palavras são muito preciosos para mim.
Beijos :)
H.F.
Hercília, muito, muito, muito bonito. Tudo belamente preparado pra "causar" (gíria carioca): acabando de vez com a palidez diante da vida.
"Quando não te digo nada E faço do silêncio a minha causa É porque as palavras têm cauda E já não me resta nenhuma lauda..."
E mesmo quando não resta nada, fica a palavra unindo e ligando tudo (de nós, do mundo, do enlace dos dois) e todos (nós aqui, agora, esse enlace do mundo).
Deixei outro comentário pra você lá no seu blog HF.
Um beijo e obrigada, novamente, pela preciosa atenção os meus filhinhos diários: essas palavrinhas danadas que insistem em sair de dentro.
Cynthia
Cynthia,
lindo seu comentário. Obrigada!
Fico feliz que tenha apreciado o poema. Sinta-se em casa no Maria Clara.
Beijos :)
H.F.
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