estamos atrasados, meu amor
o rio já correu
o sol já se foi
e o dia ainda não foi embora
perdemos a noite escura
mais negra que os olhos do diabo
perdemos a hora de dançar com as árvores
com seus galhos como as mãos da morte
o vento está morno e fraco
as flores não têm cheiro
perdemos o trem
que atravessa a cidade
não vamos a lugar nenhum
o tempo já passou
ficamos aqui de mãos dadas
como duas crianças perdidas
as ruas são longas
e estreitas as esquinas
estamos atrasados, meu amor
o mundo esmaga os nossos sonhos
lentamente, inexoravelmente
8 comentários:
a gente lê o poema
com os lábios entremecidos
e o olhar distante
...
[ma-ra-vi-lho-so]
Adri G.
me sinto atrada da hoje...adorei o poema.
então, façamos do atraso, meu amor
um tempo a mais pro abraço
um tempo maior pro laço
pros detalhes
pros entalhes que não percebemos
quando corremos além
dos ponteiros das horas
quando o nosso passo é maior que
do tempo.
Atrasemos então, amor
pra não morrermos correndo.
Abraços, flores e estrelas...
[grande a urgência do amor, imensos os caminhos que partem e chegam ao lugar onde ele se detém]
um imenso abraço, Adriana
Leonardo B.
A sensação de perda do que já não tem volta.
Me deu uma vontade de chorar...
Lindo poema.
bj
Rossana
Bonito poema Adriana. Bj,
Úrsula
uma ode a todos os retardos,
beijo
É... o tempo passa e parece que as relações se hipostasiam... Quem dera o tempo não passasse nunca... Ou pudéssemos resgatar sempre aqueles instantes de ternura ou, ao menos, o sentimento. Mas, não nos foi dada tal graça.
Muito bem cooptado pelas tuas letras as areias que passam pela ampulheta das relações e que não voltam...
Abraço
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