noite na guanabara

imagem:google

mágico silêncio que perturba
essa noite na guanabara
e o o cristo de braços abertos
olha para os últimos boêmios
resquícios de uma geração

sempre à espera
da garota de ipanema
do leblon ou de copacabana

esperam sentados
tomando copos de uísque e cerveja
misturados às suas lembranças e delírios

os cigarros antes sensuais
deixam amarelados os dentes e os dedos
a fumaça esconde suas rugas
e o álcool os faz renascer

no cantinho um violão
joão ainda na vitrola
e o mar uma neblina densa

o redentor os admira
esses homens absolutos em sua dignidade
fiéis a uma história
fiéis a uma época
em que era possível sonhar
sonhar paixões sonhar um país

o cristo se inclina por um momento
levanta a mão e chora

só eles os poetas da cidade sabem
só eles os guardiães da cidade podem chorar
pelo menos esta noite
pelo menos nesta derradeira noite da guanabara

22 comentários:

Unknown disse...

DRI!

Que maravilha esse poema! Não bebo, mas já vivi em bares, e você descreve muito bem o sentimento carioca de ser guardião de lembranças e sonhos passados.

O Cristo já chora, e outro dia em um jogo de luzes da minha janela o via cruzando os braços e todo azul. Imagem inesquecível.

Assim, como esse poema!

Beijos, poetisa-sonho!

Mirze

Janaina Cruz disse...

Lindo poema, parece uma aquarela do Leboln, do Cristo redentor, dos sonhos cariocas. O Rio é lindo!

Adriana Godoy disse...

Mirse, comentário mais lindo o seu!
Fiquei encantada com suas palavras.
Obrigada pelo carinho de sempre. Beijo

Adriana Godoy disse...

Janaína, obrigada por seu comentário tão especial. Volte sempre. Abraço.

Vinícius Paes disse...

Tem coisas que você escreve, que me dá uma inveja boa, uma vontade de ter sido eu, uma vontade de ser você. hahaha. Lindo.
"a fumaça esconde suas rugas
e o álcool os faz renascer" Esses versos são perfeitos, eu viajei rapidamente pro Rio, neste poema.

Por falar em Rio, tava de prosa com Paulo Scott semana passada, ou retrasada, falando de Buk e acabamos chegando no Mario Bortolloto. Daí ele foi me monstrar algo no blog do Mario, e acabei achando um poema seu, que escreveu pra ele. Eu não o conheço pessoalmente, mas o poema é sensacional... e pelo que eu conheço da lírica e onírica figura do Mario, aquele poema o descreveu perfeitamente. Mesmo que não estivesse referenciado como "Adriana Godoy de Beagá", dava pra ver que era você, seus versos, sua escrita, sua voz boêmia.

Mas enfim, tô divagando já.
Lindo o poema, novamente. rs

Beijos.

Unknown disse...

puxa, uma cronica mais que poética na batida suntuosa de uma canção,


beijo

Adriana Godoy disse...

Paes, era meu mesmo. O Bortolotto é uma figura que prezo muito. Logo depois que escrevi aquele poema, ele levou três tiros...os anjos não o deixaram ir embora de vez. Valeu, Paes! demais! beijo

Adriana Godoy disse...

É isso, Assis...há em mim uma certa nostalgia daquele Rio de Vinicius, Tom e tantos outros.
Bj

alma disse...

Valeu a pena ter vindo até aqui.

Não conheço o brasil, mas as imagens chegaram plenas, com traços de vinicius e jobim.

bj

Adriana Godoy disse...

Obrigada, Eduarda. Que bom que gostou desse canto tão especial pra nós. Bj

pianistaboxeador21 disse...

Coisa mais linda. Tão lírico, tão triste, tão nostalgico.
Gostei muito.
Beijo

Rafael Sperling disse...

Gostei, ficou belo seu "poema carioca".
Bjs

Francys Oliva disse...

Bela poema(tão carioca)por um momento vi um Rio de Janeiro maravilhoso.Bom pelo menos no poema.
bjs

fao Carreira disse...

o rio tem luz propria...original...encanta e desanca afetos...

bonito poema..

Rounds disse...

o rio encanta assim como seus poemas.

:)

bj

Anônimo disse...

Moça poetiza!

To indo atrás de seus posts blogsfera afora e tudo que leio eu gosto.
O generoso Cristo de braços abertos sobre o Rio, deve estar mesmo chorando com tudo que tem acontecido por lá, pelo desrespeito com aquele povo, por terem deixado a situação chegar a esse estado.
Enfim, ainda bem que há a poesia, ainda bem que o Rio continua lindo, ainda bem que tem vc pra falar essas coisas bonitas desse Rio saudoso.
To te seguindo lá no teu blog e te convido a conhecer o meu. Te espero com uma mousse de chocolate pra nós saborearmos juntas.
Beijokas e um lindo fds.

Henrique Pimenta disse...

um toque de bossa
sinceramente (e você nada tem a ver com isso) eu detesto bossa

mas o seu poema é bom
felicidades!

Lou Vilela disse...

Seus textos encantam, assim como o Rio. ;)

Beijos

Hercília Fernandes disse...

Belíssimo, Adriana.
Um retrato [poético] da Guanabara, do Rio.
Lindo poema, minha amiga!
Beijos,
H.F.

Anônimo disse...

Pra mim o Rio é um dos lugares mais lindos do planeta. Outro dia ouvi, com estramento, uma paciente dizendo que seu marido não gosta de passar no Rio nem mesmo de avião.... Se ele é justo ou não isso não me cabe... Sei que ao Rio proclamado por Adriana também sou fiel. Seu poema é lindo Dri. bjao
Anamáris

byTONHO disse...



O RIO continua RINDO?
...no cartão postal!

"Na REAL,
na MORAL... destroçado!"

"Já não sou poeta,
já não fumo,
já não bebo,
'mal e porcamente' faço amor..."

Triste isto né DRI,
bonito poema!

:(:

José Carlos Brandão disse...

Parabéns, Adriana.
Sempre haverá boêmios à espera da liberdade, brindando à liberdade.
Belo símbolo o Cristo, esse boêmio abstêmio chorando sobre a cidade.
Beijos.