CÂNDIDA, A MÉDICA
Era a tímida típica, estrábica, pálida e asmática. Espírito ético, pródigo.
Engolia críticas e sapos pétricos. Máscara pacífica.
Apesar da sólida clínica, lágrimas a faziam líquida. Náufraga sem fôlego.
Morreu de cálculo nefrético crônico. Trágica estatística, a propósito.
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ÂNGELA, A MÍSTICA
Nasceu católica, cresceu evangélica. Tornou-se esotérica, taróloga e astróloga. Numeróloga, confundia-se nos dígitos, nada econômica em dívidas e dúvidas.
A análise de arquétipos e horóscopo custava uma fábula de cédulas.
Num dia úmido e fatídico, caiu-lhe um satélite no fígado.
Simbólico e meteórico término para uma vida caótica.
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EURÍDICE, A MÍTICA
Beleza helênica, âmago hermético.
Métodos esdrúxulos: para escapar do lúgubre ômega mitológico, namorou homens com H maiúsculo: Hércules, Hipólito, Hermócares...
Casou-se com Ícaro.
Eurídice e cônjuge sobrevoaram, como pássaros, o Etna. Vôo panorâmico. Túmulo vulcânico.
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FÁTIMA, A MÚLTIPLA
Ótima em Física, Química e Matemática, Fátima era pouco prática.
Optou por Gramática, Semântica, Linguística, sem êxito: péssima retórica.
Estudou Música: voz inelástica e cântico tétrico.
Tráfego célere: um ônibus elétrico atropelou-lhe a sina ilógica.
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BÁRBARA, A ÚLTIMA
Romântica e utópica, Bárbara era um fenômeno trágico-cômico, de ímpetos cíclicos, cáusticos e histéricos. Os músculos, flácidos.
A vida passara qual relâmpago, sem Príncipe para preencher seus côncavos. Haja ginástica!
Átila, o personal trainer, era único: rústico, másculo, carnívoro.
A jovem máquina tântrica ressuscitou em Bárbara colágeno e espírito.
Mágica clássica. Melhor que plástica.
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No branco baço dos crisântemos
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Um súbito enredo trespassa o olhar
em descritivas formas.
A nitidez do silêncio persegue os lábios.
Decifra as palavras inefáveis.
Ardor em sangrament...
Há 6 dias
5 comentários:
adoro as proparoxítonas - ainda mais na boca dos mineiros (são palavras de morte precoce, parece que desmaiam)
parabéns!
isso me leva à infância - eu decorei um poema (soneto?) sem jamais saber quem é o autor, e fazia o maior sucesso: "quando eu morrer de cócegas frenéticas, doença pálida, complexa e analítica, o corpo rígido, cético e anaclético (será que é isso?)descansará apático e sem métrica... o médico bucéfalo e circunspecto, que faz diagnóstico de forma apologística, deixou-me magro, de tímido aspecto, com voz metálica, sem ética linguística..." - enfim... vou precisar muito exercício para relembrar o resto e conferir!
besossssssss
Oi Maria Paula,
apreciei muito essa postagem de mini contos com proparoxítonas e muita criatividade ! O título é original e faz jus ao tema abordado, enfocando facetas diversas do universo feminino. Muito bom ! Bj
Maria Paula
Eu gosto demais destas misturinhas... ficou muuuito criativo e original!
Parabéns, ficou linda a tua construção poética!
As proparoxítonas tem a mesma força das mulheres... tb são tônicas!!!
Bjão pra ti
Já conhecia esse conjunto incrível de mulheres proparoxítonas.. Foi bom reencontrá-lo de novo. Valeu a pena. Beijo.
Maria Paula,
suas mulheres tônicas são antológicas. Eu adorei esta escrita desde a primeira leitura em seu espaço individual.
Adoro proparoxítonas, elas acentuam a intensidade dos versos, como são os sentimentos femininos.
Obrigada por trazer as suas meninas para o Maria Clara.
Beijos :)
H.F.
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